domingo, 31 de julho de 2011

MEIA MORTE


Metal perfurando tímpanos...
Som frio de relógio...
O tempo ensurdecendo
minha percepção ávida
noite afora...
Vai-se o tempo que pare agonia...
Nasce e vinga.
Vinga uma vingança fria, 
comida fria,
fria camuflagem de saudade.
Corrói vida em meia morte...
Ausência cintilante predadora de mim...
Saudade que vinga, que medra,
que brota das presas prenhas
de ser o outro lado
do lado prisão...
O lado ferida de coração,
tumor de alma, decomposição...
Brota do outro lado 
de ver liberdade e amplidão...
Meia vida. Solidão...
Meia morte...Por opção?

terça-feira, 26 de julho de 2011

ALUCINAÇÃO


Quando o dia desmaia
Meus olhos entorpecidos
Fazem motim contra a minha lucidez
E teimam em vislumbrar 
Oásis e desertos em fronteiras ...
Minhas mãos não alcançam...
Meus pés não saem do lugar...
E o meu desejo é germe
Que a alucinação multiplica...
Somem as forças.
Desmaio com o dia.
E a miragem do paraíso
Propaga-se num átimo de sonho.
E era uma imagem tão linda!

terça-feira, 19 de julho de 2011

SEGURANDO O TEMPO


Badaladas melancolicamente
ensurdecedoras...
E eu não sei se dormia ou acordava.
Segurei tempo nas mãos...
Quis multiplicar os átimos de segundo,
quis hipnotizar o tempo
com os olhos de ontem
para não perder-te no tempo...
As mãos confundiam-se aos ponteiros
e, trêmulas angustiadas,
arrancavam as engrenagens
num ímpeto de fúria e desespero...
O tempo não parou...
Nas minhas mãos,
o tempo rabiscado,
e as tuas...
Frias...
Eu não dormia mais...
Mas era um pesadelo.

domingo, 3 de julho de 2011

A PEDRA NOSSA DE CADA DIA

Não, ela não veio com a manhã.
Só a pedra veio.
E no espelho, olheiras eram abismos
que chamavam outros abismos
e outros, e outros...
E eu esperava num desespero superado.
De repente, uma pedrada na janela.
Presságio.
Estilhaços espalharam-me pelo chão.
Na cabeça e no peito,
o sangue e a dor  subitamente
desenhavam em espirais
teu perfil no meu delírio...
Escurecia tudo. De novo.
Seria noite de porão de alma?
Ou seria a alma com o medo de toda noite?
E a alegria? Não veio.
Viria com a manhã?
Ou o amanhã seria de novo
a surpresa da pedra nossa de cada dia?
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