Intruso,
Invadiste meus sonhos à noite.
Prendeste meus cabelos molhados
com pirilampos iluminados
colhidos em relva orvalhada,
suor perfumado de possuir-te;
só para soltá-los depois...
Fitaste meus olhos,
descortinando-me em completude
De noites de mar.
Com mãos e lábios.
Torturaste meu corpo...
E fui fada alada, sobrevoando mares,
alçando voos de prazer...
Voar? Voei!
Loucuras de poeta.
Voei de braços dados com a brisa
Passeando por estradas de beira mar
até entrelaçar-me embaraçada no teu peito.
Num vai e vem de infinitudes,
ondas de esperas e aquarelas,
contei-te os segredos e os pecados:
a boca molhada encostada no teu ouvido,
sussurrando palavras de maré cheia,
sons distraídos de impudores e promessas.
Sonhar? Sonhei!
E agora, descanso sonhares
à sombra de minha poesia
e, volta e meia,
acordo com a boca cheia d'água
olhando teus olhos,
ao som do mar de noite
e aos sóis de sal e areia...