terça-feira, 21 de junho de 2011

SÓIS NAS JANELAS


Desenhava sóis nas janelas
para enganar noites frias...
Esculpia sorrisos em papel machê
e pendurava-os em cantos de bocas...
Num ritual.
Discretamente,
esparramava seus paraísos por perto.
Perto. Não óbvios.
E sublinhava olhos de vê-los
com lápis de cor colorido
tal qual arco-íris de promessa,
que decifra enigmas.
E ventava esparramando
de presente o cheiro bom e incerto de futuro ...
O que passava, apagava...
Num ritual...
Não tinha tempo para ser triste.
Ser feliz lhe consumia o tempo de viver sua arte
de desenhar sóis nas janelas
para enganar as noites e os frios todos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ARTE ÉBRIA

E assim, transformou
o impulso de querer demais em arte...
Tatuou marcas na pele
e carmim no peito
depois de esculpir 
contornos desenhados
minuciosamente à mão...
E viveu com o peito aberto
pra não explodir 
e espalhar seus exageros ...
E foi assim...
Misto ébrio de esculturas
De cores todas e artes mil...
E beirou o abismo breu
pela mania de céu anil ...
E foi assim...
Depois voou por aí
atropelando pássaros
em delírio de artista febril...
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