quero chorar tranquila a brevidade da dor aborrecida.
Quero sentir meu ódio longe de ser traiçoeira.
Quero sangrar-me até esvaziar-me inteira,
e pálida de vazio, renovar-me de força estranha.
Quero pôr os meus pés no chão e caminhar,
até que tudo troque de lugar,
até que o amor novamente se cruze ao ódio,
e eu, de encanto, seja,
sem drama,
uma dama que trama as teias da própria vida,
sem imobilidade entre o amor e o ódio...
Por isso, espectadora cúmplice de nós, de mim.
Quero a sinestésica magia dos sentidos,
vivos, resplandecentes,
que nunca cabem em mim...
Excedem.
Sobram demais.
Evadem-se dos meus contornos
para dissiparem-se ao redor...
Por isso posso reparti-los com você
Quando do meu eterno silêncio de mim...
Espectadora cúmplice...
Vi e vivi.