segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SENTIMENTO

   
   Era observadora...Conversava pouco. Sorria sempre, com ou sem motivos. Uma música, um gesto, a natureza. Coisas simples.
      Acreditava na vida.  E por isso vivia apenas.
      Se preocupava com as questões da sensibilidade humana. Chorava com os noticiários da televisão, embora o coração nunca deixasse de acreditar.
      Naquela semana uma situação em especial lhe chamou à atenção. Não enxergava bem, mas podia ouvir uma agulha caindo... Audição invejável! E não prestava atenção na conversa alheia por falta de educação, mas por ser inevitável.
      Parou. Prestou atenção no que ele, com ar de segurança e prepotência, falava para a moça. Ela, por sua vez, esboçava um certo ar de estranhamento, como se não fosse o que esperava escutar depois de tudo, mas prestava atenção em cada palavra.
      De repente ouviu:
      "__ Só precisamos tomar cuidado para não virar SENTIMENTO."
       Como assim cara pálida? Não sabia o que envolvia aqueles dois, mas podia levantar hipóteses, era inteligente também , muito.
       Será que aquela pessoa sabia o significado dessa palavra? Aquilo seria realmente uma pessoa ou seria uma barata?
       SENTIMENTO vem do latim, SENTIMENTUM, “opinião, sentimento, sentidos, afeição”, de SENTIRE, “sentir”.
       Será que existe alguma situação com a qual nos envolvemos que não nos desperte SENTIMENTOS? Nem que seja ódio?
       Quando um homem procura uma prostituta, para a satisfação breve e sem compromisso das suas necessidades, ele sente por ela um dos sentimentos mais fortes e instigantes que o ser humano pode experimentar: o DESEJO. Mas ele sente. Ele sente tanto que o sentimento o domina.
       Será que muitos não entendem ou não percebem isso?
       Ela se entristeceu. Não haveria uma maneira de reservar o melhor de nós para o outro e guardar o pior para nós mesmos?
       Aquela insensibilidade era o pior daquele homem. A moça parecia entender. Não havia sentimentos então? Ou eles eram tão sórdidos que não tinha coragem de expressá-los? Ou eram tão fortes que não podia assumi-los?
      A moça se levantou. Foi embora. Não lamentou, afinal, as pessoas não nascem com estrela na testa. Não dá pra saber da alma, senão da nossa. Engano. Superaria... Parecia forte.
      Ela ficou ali. E na tentativa de não fazer tudo sempre igual, não chorou. E resolver tatuar a palavra SENTIMENTO no seu pulso direito. Escreveria sempre sobre ela. E faria renascer todos os dias, pelo menos para ela, o encantamento doce de SENTIR sempre...Sentir tudo e com muita força...SEMPREEEEEEEEEE...
      
      

Um comentário:

  1. querida Carla ..
    uma graça esse seu espaço ...
    agradável demais ..
    abraços e um ótimo ano para vc e para os seus ...

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Cola sua ESCREVÊNCIA na minha...Eu junto tudo e a gente faz uma canção...
Juntos, os nossos sonhos de ESCREVÊNCIA podem ser maiores...

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