sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SONHOS ALADOS

Ela pintou uma borboleta vermelha na parede do quarto.
Voou pela janela aberta.
Com ela, sonhos alados, amarelados e mofados de quereres muitos, todos maiores que os deveres e os poderes... Seriam maiores que a sua esperança de moça bonita, esperando a vida chegar?
Queria tanto!
Ser feliz bem devagarzinho e demorado como há muito ouvia falar de outras tantas por aí.
Queria a música que um dia fora dela numa intenção de sempre que fora nada ou quase nada.
Queria um vestido vermelho e um espelho inteiro para poder se olhar.
Queria um batom, um perfume bom... Quem sabe um vinho e um sapatinho de cristal trazido por um desses príncipes modernos mesmo, que ainda sabiam do amor a misteriosa sutileza.
Queria tanto!
Mas não ousava querê-los alto demais. Perigoso! Tinha gente ouvindo. Sempre tem.
Voou e sob as nuvens de algodão branquinhas que lhe enconstavam na longa cabeleira solta, chorou junto com a chuva que paradoxalmente agora também matava. Gente, bicho e sonhos...
Deu medo.
Chorou por contemplar dali miséria demais passada da conta...Miséria grande e miséria pequena... Mesquinharia de quem prioriza o ter pelo ser, depois perde tudo pra aprender... Miséria de alma, sem calma nem pudor. Miséria de alma que pode mais, sem cuidado demais pelos que não podem tanto ou nada a mais. Foi embora dali chorando a dor alheia que agora era dela também.
Voou mais alto e contemplou as estrelas. Tocou-as. Ali estava seu coração.  E, de repente, em cada uma delas um daqueles sonhos ousados eram agora como fogos de artifício em noite de lua cheia. Dança para os olhos ávidos de descobertas e de vida chegando.. Explodiam todos a sua frente... Realizavam-se em um ritual mágico de poderes, sem pudores ou rancores... Era agora e ali...O resto... Nunca existira...
O barulho foi grande.

Acordou atordoada...
Não viu a borboleta vermelha na parede.
Mas a janela continuava toda aberta a esperá-la e as suas mãos ainda estavam sujas das cores dos sonhos alados de quereres e poderes...

Por CARLA STOPA


6 comentários:

  1. Olá Carla,

    Prazer imenso conhecer seu blog. Texto envolvente. Os sonhos bebem na fonte da realidade.
    Sua visita me honrou.

    Meu beijooO*

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  2. Linda...
    é mágico ler seus textos.. quanta inspiração! ^^

    beeijo nega

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  3. Ai que lindo Carlota,ameeeei!
    super criativo!

    bj

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  4. Oi, Carla. Que bom voltar ao Escrevência. Adorei o texto, parece meio poesia, meio prosa... um formato pessoal, acho muito bom isso de colocar sua própria marca naquilo que faz... e esse é um dom, não? abraçose parabéns pelo blog.

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Cola sua ESCREVÊNCIA na minha...Eu junto tudo e a gente faz uma canção...
Juntos, os nossos sonhos de ESCREVÊNCIA podem ser maiores...

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