domingo, 2 de janeiro de 2011

MINHA ILHA

Há um tempo eu já tinha lido algo sobre esse texto de Drummond e guardei, depois ele foi um presente cômico...Veio parar nas minhas mãos quase que por acaso (Como se eu acreditasse em acaso!) e me surpreendeu enormemente, tamanha a identificação que tive com ele. Não está transcrito na íntegra, mas a primeira parte já é fascinante...
"Quando me acontecer alguma pecúnia,  passante de urn milhão de cruzeiros,  compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha (e só de a imaginar já me considero seu habitante)   ficará no  justo ponto de  latitude e  longitude que,  pondo-me a coberto de ventos, sereias   e   pestes,   nem me   afaste   demasiado   dos   homens   nem me   obrigue   a   praticá-los diuturnamente. Porque esta e a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
De há muito sonho esta ilha, se e que não a sonhei sempre."

     Somos capazes de dar sentido ao mundo , criar significado, e para isso precisamos colocar em atividade uma função da mente muito interessante e importante __ a IMAGINAÇÃO.
    Simbolizar faz parte da própria condição humana. A ilha, muito mais que uma fantasia delirante, é uma imagem simbólica universal de privacidade, prazer, descanso e aconchego...
    É quase uma ficção, sem deixar de se constituir realidade.(HUMMM, ficção-real...Interessante!)
    Bom, para esta ilha, a minha ilha, definitivamente eu não levaria nenhum relógio... Ai as horas! Às vezes elas me irritam...E eu teria o tempo todo para pensar... Voltar ao início de tudo... Abandonar a inércia... Refletir...
    Ah, algum amigo que saiba tocar e cantar ou contar histórias está naturamente convidado. E que tenha o coração igualmente aberto para os desafios de estar só, onde somos desmascarados pela solitude...
    Eu gostaria que as músicas e as histórias me fizessem lembrar coisas boas, ou que fossem mesmo uma espécie de provocação ou qualquer vaga menção a qualquer vago evento interessante que tenha marcado a memória e que, por obscuro mecanismo, despertasse fundas, gratas e nobres emoções retrospectivas.      
   Bem-vinda seria também toda a provocação que me avivasse a sensibilidade, compensando em variedade e profundidade toda mediocridade da vida social.
    Não é uma ideia de fuga, é uma oportunidade de voltar  ao início de tudo. Rever conceitos e valores. Reconstruir.
    Temos motivos para ir às "ilhas"...
     A ilha pode ser meditação despojada, renúncia ao desejo de influir e atrair. Há um certo gosto em pensar sozinho. É ato individual como nascer e morrer... É muitas vezes solidão desejada.
     A ilha é, finalmente, o refúgio último da liberdade, sufocada diariamente por motivos diversos.
     Eu fico aqui, sonhando com a minha ilha, aquela que quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de dólares (porque os tempos são outros!), eu hei de comprar...
     E ali, eu serei feliz ao som bem alto das música e histórias provocantes dos meus amigos de coração aberto que não têm medo de encarar, vez ou outra, a solidão... Eu e meu cérebro over pensante ( e isso não é vantagem nenhuma às vezes), no meu mundinho particular e nostálgico de sonhos, divagações e devaneios...
    Podem me visitar de vez em quando...Só pra eu não ficar maluca de vez!!!kkkkkkkkkkkkkkkk

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