O som lá fora é o da chuva. Hipnotizante e reflexivo. Podia ficar horas ouvindo essa sinfonia mágica e lavando, literalmente, a alma.
É o saudoso e fascinante som da minha infância pobre, de telhado com melodia de sonhos, tão caro que a minha memória só pode entender e relembrar com tanta nitidez quando que ela cai suntuosa.
O som lá de fora de mim é assim...
E aqui dentro de mim também é sinfonia. Os sons ecoam e se misturam com o meu pulsar costumeiro, fervilhante de urgência e plenitude.
Aqui dentro, ouço os sons da memória, das lembranças que não se encaixam, por mais que eu tente, na condição real da vontade do “dia-após-dia”.
Aqui dentro, o trovão que o coração dispara é o de querer sempre, que , diga-se de passagem, é inquietante e indecifrável para os que são cúmplices mesquinhos do comodismo.
É o trovão que o coração dispara quando se mistura com o som das lembranças e dos desejos, som que eriça a minha pele, centímetro por centímetro, na ânsia de possuir o segredo de tudo, vontade insana e irreal para todos os tempos de mim e de você.
Aqui dentro até as minhas entranhas todas gritam... Eu as ouço...Mas você não. Não ouves... Não vens... E eu quero, e eu procuro e temo querer além, muito além do poder e do ter. Espero... Espero...
Aqui dentro agora, também nos meus ouvidos, os teus sons todos: palavras, sussurros, pedidos, promessas, súplicas, delírios de justa medida até quando descansamos juntos.
E ali, quando no teu peito, o meu coração ouve o teu, tão nitidamente, tão claro, pulsando além do corpo e além da alma. O trovão que atormenta docemente e ilumina o céu da minha madrugada.
Não preciso que amanheça para ouvi-lo... No escuro mesmo, estridentemente seu ritmo me conduz... Obscuramente me conduz...
Sigo o som... Forte e rítmico... Enquanto pulsar e fascinar, meus ouvidos estarão atentos para dançar a música que embala as minhas constantes descobertas de bem-quereres .
EMOCIONANTE,TOCA A NOSSA ALMA E AFLORA O AMOR CONTIDO NELA...PERFEITO!
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